miércoles, junio 16, 2004

Bitácora del Navegante. Al Abordaje.

Extraído sin su permiso.

Segunda-feira, Abril 05, 2004

Amor, não tem que se acabar

Perguntas do final de semana: Como os amores se perdem? Que horas as palavras deliciosas dão lugar ao tom de agressividade e indiferença e a atenção redobrada dá espaço aos ouvidos moucos? Quando os planos e vontades em dupla perdem o sentido? Quando as horas de abraços
de beijos e afagos se transformam em vontade de ir embora? Quando as pessoas se transformam? Quando nos transformamos? E alguém tentou me responder assim...
Ontem assisti um filme intrigante, onde um escritor diz que o segredo da chave do coração de uma mulher está em dar presentes inesperados em momentos inesperados.
Fiquei pensando... como se perdem os amores?
Quando se inicia uma relação, cada um dá o melhor que consegue, depois, não sei bem o porquê, ele estaciona, se acomoda e vai se esquecendo das palavras doces, dos carinhos inesperados,
das surpresas gostosas... e deixa que a relação caia na mesmice, naquele mesmo lugar do qual ele queria fugir, do qual estava enjoado. Coisa complicada o ser humano! Não me admira que tão
poucos sejam vitoriosos no amor. Há que se cuidar dele como se cuida de um bebê com carinho de mãe, com zelo de médico, com eficiência de professor, e assiduidade de bom aluno. Exupéry é que estava certo... "É o tempo que perdemos com alguém, que torna esse alguém importante para a nossa vida!"
Não se pode amar alguém, sem se perder tempo com ele...
Todos sonhamos com um amor paixão, com um amor sentimento e com um amor amizade. Todos, sem exceção, mas só os privilegiados chegam lá. Enxergam com olhos que vêem pra dentro, além
das aparências, além do visível! São os fortes os vencedores no amor!
Homens são, como dizia alguém, seres estranhos; ouvem Chopin, recitam Tagore, encantam-se com as estrelas e depois se matam! Como pode o ser humano, ser tão tolo? Como pode deixar passar a chance de ser feliz no amor? Acredito, e não é de hoje, que a vida só vale a pena ser vivida se envolvida na vida de outra vida. Serei eu a única pessoa neste mundo a valorizar o amor?
Serei a única a enxergar que quase sempre jogamos pelo ralo um grande amor por desânimo em continuar lutando? Será que só eu, apenas eu, tenho vontade de ver eternamente com os
olhos do coração? Fazer a música tocar até o fim, perder-se em outro alguém, sem perder-se de si mesmo... Coisa difícil aos comuns mortais, sempre tão ligados à matéria, aos deveres,
sempre a olhar para baixo em direção ao seu próprio umbigo... nunca sonhar com as estrelas, nunca olhar além do arco-íris...
over the rainbow... é lá que se encontra o nirvana... e quantos chegam tão perto e o perdem porque se detém em atalhos sem brilho próprio... ou com brilho enganoso!
Ah! As almas humanas... embranquecem e se deixam murchar. Não vou aceitar viver uma vida sem sonhos... Não vou aceitar jamais viver uma vida medíocre de mesmice e cotidianidade sem
esperança. Adoro o cotidiano mas aquele cotidiano rico de alegrias, de sonhos, de tentativas mesmo que nelas se quebre a cara. Pior que não sofrer é ter um coração vazio, sem lugar para
o inesperado, para a mágica das palavras, para os sentimentos densos, intensos, sem senso...
quem quer saber de senso quando o assunto é amor? Amor com senso não tem consenso, tem pasmaceira e chatice.
...aprendiz do amor!!! Esse fogo que arde sem se ver...viva Camões! Viva os ladrões de corações!!!
Mas, viva mesmo, os ladrões que sabem aprisionar os corações roubados em maravilhosas e sutis teias. Guardam a pérola de maior valor e deixam o resto para quem não ama, tesouros que valham a pena . Sabem que nada no mundo lhes fará abandonar o que encontraram...

Postado 14:30 por Melina

Quarta-feira, Março 31, 2004

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal

Chico Buarque em 1970
Postado 15:14 por Melina

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